A meningite é uma doença causada pela inflamação das meninges, que são as membranas que protegem o cérebro e a medula espinal. Essa inflamação é habitualmente o resultado de uma infeção do líquido que se encontra em torno do cérebro e da medula espinal. Quando as meninges estão inflamadas pode ocorrer lesão do cérebro ou da medula. A meningite na criança é um importante problema de saúde pública e, apesar dos avanços feitos nas últimas décadas, a morbilidade e a mortalidade associadas a esta doença têm-se mantido praticamente inalteradas.
De facto, a maioria dos casos, cerca de 70%, ocorre antes dos 5 anos. Apesar dos progressos em termos de tratamento antibiótico, a taxa de mortalidade inerente a esta infeção permanece elevada, entre 5 e 15%, e as sequelas permanentes, como surdez e alterações do desenvolvimento psicomotor, ocorrem em cerca de 25% dos sobreviventes. Dentro das infeções importa distinguir as diferentes estirpes de meningite:
- Meningites bacterianas, nas quais as bactérias mais frequentemente envolvidas são a Neisseria meningitidis (meningococo), o Streptococcus pneumoniae (pneumococo) e o Haemophilus influenzae tipo b e que são infeções graves que podem ser fatais.
- Meningites virais, as mais comuns e que tendem ser menos graves e que são causadas por vírus como os enterovirus ou o herpes simplex.
- Meningites fúngicas, mais raras e que podem ocorrer a partir de inalação de fungos no meio ambiente ou em doentes afetados por diabetes, cancro ou infeção pelo vírus VIH/SIDA.
- Meningites causadas por parasitas, importantes nos países menos desenvolvidos.
CAUSAS
Embora as causas da meningite sejam diversas, as infeções bacterianas e virais são, de facto, as mais comuns. As meningites bacterianas são, de um modo geral, adquiridas a partir do meio ambiente pelas vias respiratórias e, como tal, são muito contagiosas. Outras causas possíveis são o trauma com fratura do crânio, a cirurgia cerebral, alguns tipos de cancro, as otites e mastoidites ou o uso de algumas drogas.
O tipo de bactérias que causa meningite varia nos diferentes grupos etários. Os estreptococos e a E. coli são comuns no recém-nascido, nos primeiros 5 anos predomina o Haemophilus influenzae tipo B e nas crianças mais velhas surgem o meningococo e o pneumococo. No adulto, cerca de 80% das meningites são também causadas pelo meningococo e o pneumococo. Em Portugal, durante a última década, o número de casos de meningite meningocócia foi de 2-3/100000 habitantes.
De um modo geral, nos países desenvolvidos, a Neisseria meningitidis e o Streptococcus pneumoniae são responsáveis por cerca de 95% dos casos de meningite bacteriana. A doença invasiva por Haemophilus influenzae é causada por estirpes pertencentes, na maioria dos casos, ao tipo b. Após o início da vacinação universal a incidência da doença invasiva por este agente sofreu um decréscimo franco; no entanto, tem-se vindo a assistir a um aumento relativo da doença por H.influenzae não-b.
FACTORES DE RISCO
Alguns fatores são considerados de risco para a meningite. Fique a conhecê-los:
- Meningite viral costuma afetar crianças de até cinco anos, mas a forma bacteriana da doença geralmente atinge adultos na casa dos 20. Na verdade, o grupo de risco, quando é classificado pela idade, varia de acordo com a causa da doença. Meningite causada pela bactéria Listeria monocytogenes costuma vitimizar muitos idosos também
- Viver em grandes centros urbanos e frequentar ambientes fechados e cheios de pessoas também podem aumentar os riscos de contrair meningite. Se uma pessoa vive em alguma base militar, orfanato ou albergue, as chances de ela apresentar a doença são maiores também
- Mulheres grávidas têm maiores chances de contrair listeriose e também a meningite bacteriana causada por Listeria monocytogenes
- Pessoas com baixa imunidade correm maiores riscos de apresentar meningite também, a exemplo de portadores de Aids ou diabetes e usuários de drogas injetáveis.
SINTOMAS
Nem sempre é fácil reconhecer os sintomas de uma meningite e, em alguns casos, a doença progride sem quaisquer sintomas. Nas fases iniciais, os sintomas são semelhantes aos de uma gripe mas a doença pode evoluir rapidamente e ser fatal em poucas horas. No caso da meningite meningocócica, o período de incubação oscila entre 1 e 10 dias, mas, em geral, não ultrapassa os 4 dias. Inicialmente, a meningite pode manifestar-se por
- Vómitos
- Náuseas
- Dores musculares
- Febre
- Cefaleias
- Extremidades frias
- Erupções cutâneas que persistem sob pressão.
Uma forma simples de avaliar a importância destas erupções cutâneas é fazendo pressão com um copo de vidro. Se a erupção desaparecer durante a pressão, não está relacionada com meningite. Se persistir é fundamental recorrer a um médico. Nos bebés, a meningite pode manifestar-se por choro, fontanelas mais salientes, dificuldade em acordar, membros flácidos ou muito rígidos, recusa alimentar, respiração difícil e erupção cutânea. Em crianças mais velhas, verifica-se rigidez do pescoço, dores articulares, sonolência ou estado confusional, fotofobia, calafrios com extremidades frias e erupção cutânea.
DIAGNOSTICO
O diagnóstico baseia-se na história clínica, no exame médico e alguns exames complementares. Destes, os mais importantes são as análises ao sangue, a tomografia computorizada e a punção lombar, que permite colher e analisar o líquido cefalo-raquidiano que circula em torno do cérebro e a medula espinal, sob as meninges. Este é, de longe, o exame mais importante.
TRATAMENTO
O tratamento depende da idade, da gravidade da doença, do agente causal e da presença de outras doenças associadas. As meningites virais resolvem-se rapidamente sem qualquer tratamento. Nas meningites bacterianas, o tratamento é fundamental e envolve internamento, antibióticos, corticóides e medicamentos de suporte para a febre e outros sintomas. Este tipo de meningite pode invadir a corrente sanguínea causando um quadro de infeção generalizada (septicemia). A meningite bacteriana deve ser considerada uma emergência médica.
PREVENÇÃO
Existem diversas vacinas que previnem a meningite por meningoco, pneumococo e Haemophilus e que são administradas na infância. Algumas estão inseridas no plano nacional de vacinações. O médico deverá ser sempre consultado no planeamento das diversas vacinas disponíveis para a prevenção da meningite.