Cancro de Cólon: Causas, Sintomas e Prevenção

O cancro de cólon abrange tumores que acometem um segmento do intestino grosso (o cólon) e o reto, sendo um dos tipos de cancro mais incidentes no mundo. É tratável e curável na maioria dos casos se detectado precocemente. Grande parte desses tumores se inicia a partir de pólipos (lesões benignas que podem crescer na parede interna do intestino grosso). Uma maneira de prevenir o aparecimento dos tumores seria a detecção e a remoção dos pólipos antes de eles se tornarem malignos, por meio de procedimentos como a colonoscopia.

 

CAUSAS

O cancro de cólon resulta da interação de fatores genéticos, ambientais e dietéticos. Algumas síndromes genéticas são responsáveis por uma minoria dos casos, sendo a maioria dos casos ocorridos ao acaso devido a intereção dos fatores de risco que seguem.

 

FACTORES DE RISCO

Pólipos adenomatosos: Os pólipos adenomatosos vão em algum momento se alterar (displasia), até evoluírem para adenocarcinoma, que é o cancro de cólon mais comum. Este é o principal motivo para se indicar a colonoscopia de rastreamento, pois esses pólipos podem ser retirados quando pequenos e ainda benignos. O processo de transformação de um pólipo em um tumor invasivo pode durar 7 a 10 anos.

Idade: A incidência é maior em homens e mulheres com idade superior a 50 anos. Não se sabe ao certo porque isso acontece. Uma possibilidade é a de que essas pessoas tenham sido expostas ao fatores de risco por mais tempo.

Diabete e obesidade: Pessoas com diabetes e resistência à insulina podem ter um risco aumentado de cancro de cólon. Além disso, pessoas com obesidade tem mais chances de sofrer com o cancro de cólon e de sofrer complicações da doença.

Tabagismo e alcoolismo: A relação direta entre álcool e cancro de cólon não está completamente estabelecida, como acontece com carne vermelha, frutas e verduras e exercício físico. Entretanto, é sabido que pessoas que ingerem grandes quantidades de álcool estão em maior risco para desenvolver a doença. Este risco é maior para pessoas que ingerem mais de 45 g de álcool por dia (equivalente a aproximadamente três latas de cerveja de 350 mL, três taças de vinho de 150 mL ou três doses de uísque de 40 mL. Além disso, sabe-se que o tabagismo também aumenta o risco de cancro de cólon, uma vez que as substâncias nocivas do cigarro podem afetar as células do intestino.

Doença inflamatória intestinal: O cancro de cólon está relacionado com a retocolite ulcerativa, uma doença auto imune que agride a mucosa colorretal, cujo dano crónico nas células da mucosa favorecem o surgimento da displasia que dará origem à lesão maligna. A retocolite sub-tratada e em atividade e de longa data são fatores que possibilitam a degeneração para o cancro de cólon. Colonoscopia periódicas mantém estes pacientes em vigilância e identifica precocemente lesões suspeitas.

Histórico familiar: Estatisticamente, parece realmente tratar-se de doença hereditária, não obrigatória. Acredita-se que pessoas com avós, pais e irmãos com cancro de cólon expostos a fatores de risco têm muito mais chance de desenvolver a doença, daí a necessidade de se realizarem exames preventivos.

Polipose adenomatosa familiar: Essa é uma doença hereditária, determinada quando há mais de 100 pólipos adenomatosos pelos segmentos dos cólons. Na maioria das vezes, o diagnóstico é feito quando já há o desenvolvimento do cancro de cólon em pacientes jovens. Nesse caso, todos os familiares diretos devem ser submetidos a colonoscopia para que o diagnóstico seja feito o mais precocemente possível.

Síndrome de Lynch: Doença hereditária autossômica dominante, responsável por cerca de 3 a 5% dos tumores colorretais. Cerca de 70% dos pacientes com a síndrome tem chance de desenvolver câncer de cólon. Pacientes jovens, com manifestações principalmente no cólon direito. Observar esses critérios é importante para avaliar a presença da Síndrome de Lynch:

  • Três ou mais familiares com cancro de cólon, duas gerações sucessivas afetadas e pelo menos um com idade inferior a 50 anos
  • Três ou mais familiares com um dos tumores a seguir: cancro colo-retal, endométrio, intestino delgado e pélvis renal
  • Pelo menos duas gerações sucessivas e pelo menos um dos tumores diagnosticados em idade inferior a 50 anos.

 

 

SINTOMAS

Muitas pessoas com cancro de cólon não têm quaisquer sintomas nos estágios iniciais da doença. Quando os sintomas aparecem, eles podem variar, dependendo do tamanho e localização do câncer no seu intestino grosso. Os sintomas mais comuns são:

  • Uma mudança em seus hábitos intestinais, incluindo diarreia ou constipação
  • Fezes pastosas de cor escura
  • Sangramento retal ou sangue nas fezes
  • Desconforto abdominal persistente, como cólicas, gases ou dor
  • Sensação de que o seu intestino não esvazia completamente
  • Fraqueza ou fadiga
  • Perda de peso inexplicável
  • Náuseas e vómito
  • Sensação dolorida na região anal, com esforço ineficaz para evacuar.

“Ao notar quaisquer sintomas de cancro colorretal, tais como sangue nas fezes ou uma alteração persistente nos hábitos intestinais, marque uma consulta com seu médico.”

 

DIAGNOSTICO

O cancro de cólon pode ser detectado precocemente usando de dois exames: pesquisa de sangue oculto nas fezes e colonoscopia. Pessoas com mais de 50 anos devem se submeter anualmente à pesquisa de sangue oculto nas fezes. Caso o resultado seja positivo, é recomendada a colonoscopia. Converse com o médico sobre quando você deve começar a fazer exames de cancro de cólon, pois ele pode recomendar que você inicie a triagem mais cedo se você tiver outros fatores de risco, como história familiar da doença ou doença inflamatória intestinal.

Imediatamente após o diagnóstico de cancro de cólon, o próximo passo é a realização de exames para estadiamento da doença, que irão identificar a sua extensão. Nesses casos, estão incluídos os exames físicos, laboratorias, radiografias, tomografias, exames de ressonância magnética e, algumas vezes, o PET-CT.

A indicação e a sequência correta desses exames dependem da localização do tumor (cólon ou reto) e da suspeita de metástases. Todo o tratamento é planejado a partir do estadiamento, portanto não é correto iniciar o tratamento antes da identificação do grau de estadiamento, salvo em casos de urgência (perfuração do intestino, por exemplo). Os estágios (estadios) para cancro de cólon são:

  • Estagio I: câncer crescendo no revestimento superficial (mucosa) do cólon ou do reto, mas que não se espalhou além da parede do cólon ou reto
  • Estagio II: o câncer já se espalhou através da parede do cólon ou reto, mas não invadiu os linfonodos próximos
  • Estagio III: o câncer invadiu os nódulos linfáticos próximos, mas não está a afetando em outras partes do corpo
  • Estagio IV: O câncer se espalhou para outros órgãos, tais como fígado ou pulmão.

 

TRATAMENTO

O que vai determinar a escolha é o estadiamento do tumor e se já apresenta o diagnóstico com metástase ou não. Outro fator determinante para o tratamento do câncer de cólon é o paciente e qual o seu estado de saúde e época da vida. Trata o cancro de cólon em uma mulher de 45 anos, saudável, é completamente diferente de fazer o tratamento em uma mulher com 80 anos e doenças relacionadas – ainda que o tipo e extensão do cancro sejam exatamente iguais. Nesse caso, deve ser levado em conta o impacto dos tratamentos e se eles irão interferir na qualidade de vida do paciente.

Cirurgia para câncer de cólon em estágio inicial: Se o cancro é pequeno e em um estágio muito inicial, o médico pode ser capaz de removê-lo completamente durante uma colonoscopia. Pólipos maiores podem ser removidos com a ressecção endoscópica da mucosa.

Pólipos que não conseguem ser removidos durante uma colonoscopia podem ser retirados através de cirurgia laparoscópica. Nesse procedimento, o cirurgião realiza a operação fazendo várias pequenas incisões na sua parede abdominal e inserindo instrumentos com câmeras anexadas que mostram seu cólon em um monitor de vídeo. Após retirar o tumor, o médico também pode retirar amostras de seus gânglios linfáticos, a fim de saber se o câncer está se espalhando.

Cirurgia invasiva para câncer de cólon: Se o seu cancro de cólon cresceu para além das paredes do cólon, pode ser recomendada uma colectomia parcial, ou hemicolectomia. Essa cirurgia remove a parte do cólon que contém o câncer, juntamente com uma margem de tecido normal em ambos os lados do câncer. Os gânglios linfáticos regionais são removidos e testados normalmente também para o cancro.

Muitas vezes, o cirurgião é capaz de reconectar as partes saudáveis do seu cólon ou reto. Mas isso não é possível quando, por exemplo, o câncer está na saída do seu reto, você pode precisar de ter uma colostomia temporária ou permanente. A colostomia envolve a criação de uma abertura na parte abdominal do corpo a partir de uma porção do intestino remanescente, para a eliminação de resíduos do corpo dentro de um saco especial. Às vezes, a colostomia é apenas temporária, até o cólon ou reto se curar após a cirurgia. Em alguns casos, no entanto, a colostomia pode ser permanente.

Quimioterapia: A quimioterapia utiliza medicamentos para destruir as células cancerosas. Em casos de cancro de cólon, ela geralmente é indicada após a cirurgia quando o cancro se espalhou para os gânglios linfáticos. Desta forma, pode ajudar a reduzir o risco de recorrência do cancro.

A quimioterapia pode ser dada para alívio dos sintomas de cancro de cólon que se espalhou para outras áreas do corpo, ou então antes da cirurgia, para reduzir o cancro antes de uma operação. Em pessoas com cancro retal, a quimioterapia pode ser utilizada junto da radioterapia.

Radioterapia: A radioterapia que usa radiação ionizante no local do tumor, normalmente indicada para eliminar células cancerosas que restaram no tecido colorretal após uma cirurgia para retirada do tumor, ou então para reduzir tumores grandes antes de uma cirurgia, de modo que eles possam ser removidos mais facilmente. O médico também pode indicar a radioterapia para aliviar os sintomas de cancro de cólon e cancro retal.

A radioterapia é raramente usada para cancro de cólon em estágio inicial, mas é parte da rotina de tratamento do câncer retal, especialmente se o cancro penetrou na parede do reto ou para os nódulos linfáticos próximos. A radioterapia, combinada com a quimioterapia, podem ser indicadas após a cirurgia para reduzir o risco de o cancro reaparecer.

Terapia alvo: A terapia alvo usa drogas ou outras substâncias que tem a função de identificar e atacar as células cancerígenas com pouco dano às células normais. Cada tipo de terapia alvo funciona de uma maneira diferente, mas todas alteram a forma como uma célula cancerígena cresce, se divide, se auto repara, ou como interage com outras células. A terapia alvo é indicada para pacientes que tem alterações específicas em seus tumores, e nem sempre pode ser indicado como tratamento, pois não beneficia a todos.

 

 

PREVENÇÃO

Faça os exames regularmente: O teste mais específico para avaliação direta do intestino grosso e reto é a colonoscopia. Trata-se de uma endoscopia feita pelo ânus, que permite a visualização direta de toda a mucosa intestinal em sua circunferência, desde o reto até o íleo terminal (fim do intestino delgado) e possibilitando coleta de material para análise. A cápsula endoscópica é um exame que também permite a visualização da luz intestinal, mas não permite biópsias, e é utilizado quando existem lesões obstrutivas que impossibilitam a passagem do colonoscópio ou quando quer se avaliar o intestino delgado, segmento de difícil acesso pelos endoscópios. Existem também testes indiretos radiológicos dos cólons, que são o clister opaco e a colonoscopia virtual. Esses exames desenham a luz intestinal e podem encontrar lesões de mucosa maiores que 6 mm. Antes dos exames invasivos, o médico pode pedir um exame de sangue oculto nas fezes, e só com esse resultado positivo encaminhar para uma colonoscopia.

Cuide de doenças do cólon e reto: Além da história genética, a presença de doenças inflamatórias intestinais crônicas, como a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa, aumenta o risco de câncer de cólon e reto. Isso acontece devido ao estímulo inflamatório constante, que culmina acelerando a multiplicação celular. Portanto, pacientes portadores dessas doenças devem manter uma regularidade maior dos exames: de um modo geral, anualmente após oito anos de doença se portador de colites ou uma vez a cada dois anos se tiver uma doença que afeta um segmento específico do intestino, como diverticulite.

Evite alguns alimentos: Hábitos alimentares nocivos, como o consumo excessivo de carne vermelha, embutidos, enlatados e defumados excessivamente não são saudáveis para o intestino. A digestão desses alimentos resulta na produção de metabólitos, substâncias tóxicas que podem ser o estopim para transformação genética das células da mucosa no intestino grosso, se muito tempo em contato com a mucosa intestinal. O consumo de carne vermelha deve ser limitado a 200g por semana – entre uma a duas vezes por semana – para aqueles em grupo de risco para doenças do intestino, enquanto os outros tipos de alimento devem ser evitados ao máximo. Estudos demonstraram que as carnes processadas aumentam o risco de câncer mais do que o consumo de carne não processada. O motivo é o mesmo: substâncias cancerígenas que são formadas a partir do método de processamento da carne.

Coma mais fibras: O consumo de frutas, legumes, verduras e grãos integrais aumenta a quantidade de bactérias do intestino, ajudando no seu pleno funcionamento. Com a microbiota (flora intestinal) funcionando a todo vapor, é mais fácil para o órgão suprimir a atividade de outras bactérias que são nocivas e podem formar substancias tóxicas. Além disso, um intestino saudável ajuda a eliminar com regularidade os metabólitos tóxicos do organismo na evacuação. As fibras das frutas, verduras e cereais regularizam o trânsito, diminuindo o tempo de exposição da mucosa intestinal a substâncias potencialmente cancerígenas.

Controle o peso: Estar com o peso acima do que é considerado saudável também pode ser um fator de risco para o câncer de cólon. Um estudo publicado no American Journal of Epidemiology revelou que a obesidade e acúmulo de gordura abdominal aumentam a probabilidade de uma pessoa desenvolver câncer de cólon e reto. A análise foi liderada por uma especialista da Maastricht University, na Holanda, e contou com a participação de 120 mil adultos holandeses com idade entre 55 e 69 anos. Após avaliar cada um dos indivíduos, os cientistas constataram que homens com sobrepeso significativo ou em início de obesidade tinham um risco 25% maior de ter câncer colorretal. Além disso, aqueles cujo tamanho da cintura era significativamente maior apresentaram um risco 63% maior de ter esse tipo de cancro.

O desequilíbrio metabólico, que inclui sobrepeso, obesidade e diabetes, aumenta o risco de câncer de intestino. E a diminuição da circunferência abdominal interfere nos níveis de insulina e glicose, contribuindo para uma melhor regularização do metaboslismo. O papel da atividade física regular é fundamental para esse equilíbrio.

Faça exercícios: A prática de exercícios físicos regularmente pode reduzir a incidência de câncer de intestino. Inclua pelo menos de 30 minutos de atividade física moderada em cinco dias da semana – isso ajudará seu intestino a funcionar melhor, estimulando a movimentação do órgão, além de contribuir para diminuição do estresse e controle do peso, ambos fatores conhecidos para aumentar o risco de câncer.

Modere no álcool: A relação direta entre álcool e cancro de intestino não está completamente estabelecida, como acontece com carne vermelha, frutas e verduras e exercício físico. Entretanto, é sabido que pessoas que ingerem grandes quantidades de álcool estão em maior risco para desenvolver a doença. Este risco é maior para pessoas que ingerem mais de 45 g de álcool por dia (equivalente a aproximadamente três latas de cerveja de 350 mL, três taças de vinho de 150 mL ou três doses de uísque de 40 mL. Entretanto, é importante lembrar que pequenas quantidades de álcool podem ter efeitos benéficos para a saúde, mas por outro lado mesmo pequenas doses podem ser problemáticas para pessoas com risco para alcoolismo. Dessa forma, é importante ficar atento para o histórico familiar do problema e conversar com seu médico, verificando se é adequado manter o consumo moderado da bebida.

Pare de fumar: Hoje existem mais de 100 estudos científicos comprovando que o cigarro é causa de cancro de intestino. De forma global, quem fuma tem 18% mais chance de desenvolver cancro de cólon e reto quando comparado ao não-fumante. Isso acontece porque as substâncias tóxicas do cigarro estimulam mutações genéticas em todo o organismo, podendo favorecer uma série de cancros.

2017-09-19T21:54:08+00:00Setembro 27, 2017|Câncer, Doenças|