Asma: Causas, Sintomas e Prevenção

Asma é uma doença inflamatória crónica das vias aéreas. O pulmão de uma pessoa asmática é diferente de um pulmão saudável, como se os brônquios fossem mais sensíveis e inflamados, reagindo ao menor sinal de irritação. Se pensarmos em uma pessoa sem a doença, ela sofrerá uma falta de ar quanto estiver exposta a grandes irritações, como a fumaça de um incêndio. Diante desse quadro, o organismo da pessoa identifica os agentes irritantes e faz com que a musculatura que existe em volta do brônquio se contraia, fechando o órgão e impedindo que o ar contaminado entre nos pulmões. O mesmo processo acontece com um paciente que tem asma, só que os gatilhos para causar uma irritação nos brônquios são bem menos intensos, como a poeira.

Para classificar a gravidade da sua asma, o seu médico considera a análise clínica juntamente com os resultados de seus exames. Determinar o quão grave é sua asma auxilia o médico a escolher o melhor tratamento. Além disso, a gravidade da asma pode alterar com o passar do tempo, necessitando um reajuste da medicação. A asma é classificada em quatro categorias gerais:

  • Grau 1: Sintomas leves e intermitentes até dois dias por semana e até duas noites por mês, em geral com predomínio dos sintomas no inverno, por exemplo
  • Grau 2: Sintomas persistentes e leves mais do que duas vezes por semana, mas não mais do que uma vez em um único dia
  • Grau 3: Sintomas persistentes moderados uma vez por dia e mais de uma noite por semana
  • Grau 4: Sintomas graves persistentes ao longo do dia na maioria dos dias e frequentemente durante a noite.

 

CAUSAS

Ninguém sabe exatamente o que provoca asma, uma vez que cada pessoa apresenta uma sensibilidade a gatilhos diferentes. Dessa forma, é importante entender o que causa os seus ataques de asma e tentar reduzir a exposição a esses agentes ou buscar tratamentos mais adequados. Aqui estão os gatilhos mais comuns da asma:

Substâncias e agentes alérgenos: Cerca de 80% das pessoas com asma sofrem crises quando expostas a alguma substância transportada pelo ar, como ácaros e poeira, poluição, pólen, mofo, pêlos de animais, fumaça de cigarro e partículas de insetos. Substâncias químicas como tinta, desinfectantes e produtos de limpeza também podem desencadear uma crise. Quando aspirados, esses agentes podem irritar os brônquios, levando a uma crise de asma. Infecções virais, como o resfriado comum ou a gripe, também constituem causa importante para o desencadeamento de uma crise de asma.

Alimentação: Alergias alimentares podem causar crises de asma. Os alimentos mais comuns associados com sintomas alérgicos são:

  • Ovos
  • Leite de vaca
  • Amendoins
  • Soja
  • Trigo
  • Peixe
  • Camarão e outros crustáceos
  • Saladas e frutas frescas.

“Alguns conservantes e aditivos acrescentados dos alimentos industrializados também podem desencadear uma crise de asma.”

Asma induzida por exercício: É um tipo de asma desencadeado por exercício ou esforço físico. Muitas pessoas com asma experimentam algum grau de sintomas ao praticar atividade física. No entanto, existem muitas pessoas sem asma diagnosticada que desenvolvem sintomas apenas durante o exercício. Inclusive, alguns atletas podem apresentar essa manifestação da doença. Com asma induzida por exercício, o estreitamento das vias aéreas tem um pico de cinco a 20 minutos após o exercício começar, o que dificulta a retomada do fôlego. O seu médico pode lhe dizer se você precisa usar um broncodilatador antes do exercício para evitar os sintomas incómodos.

Asma ocupacional: A asma ocupacional é um tipo de asma que resulta de gatilhos do trabalho. É muito comum em pessoas expostas a agentes químicos, tintura, agrotóxicos, etc. Com este tipo de asma, você pode ter dificuldade em respirar e sofrer outros sintomas de asma apenas nos dias em que você está no trabalho. Muitas pessoas com este tipo de asma sofrem com nariz escorrendo, congestão, irritação nos olhos ou tosse. Alguns trabalhos comuns que estão associados com a asma ocupacional incluem

  • Criadores de animais
  • Veterinários
  • Agricultores
  • Cabeleireiros
  • Enfermeiros
  • Pintores

Asma nocturna: Asma nocturna é um tipo comum da doença. Se você tem asma, as chances de sofrer uma crise são muito mais elevadas durante o sono, porque a asma é fortemente influenciada pelo ritmo circadiano (ciclo biológico que regula as funções do nosso corpo, geralmente de acordo com a luz do sol). Acredita-se que a asma nocturna acontece devido ao aumento da exposição aos alérgenos, ao resfriamento das vias aéreas, a posição reclinada ou até mesmo pelas secreções hormonais. Se você tem asma, observe se os seus sintomas pioram quando a noite avança. Caso isso aconteça, procure um médico para descobrir as causas das suas crises de asma e buscar o tratamento mais adequado.

Mudanças de temperatura: O choque de temperaturas é uma mudança bastante agressiva para quem tem as vias respiratórias mais sensíveis. Além das crises de asma, é comum haver piora de rinite ou tosse. A mudança do calor para o frio pode desencadear uma resposta na mucosa brônquica que, por meio de estímulos nos receptores nervosos de temperatura ou pela libertação de substâncias alergênicas, pode desencadear uma crise.

Medicamentos: Medicamentos anti-inflamatórios não hormonais – como o ácido acetilsalicílico, o diclofenaco e o ibuprofeno, podem desencadear crises de asma. Isso acontece porque estes medicamentos inibem uma via de inflamação, mas sobrecarregam outra, que tem forte relação com a crise asmática em quem sofre da doença.

Condições de saúde que podem imitar asma: Uma variedade de doenças pode causar alguns dos mesmos sintomas da asma. Por exemplo, a asma cardíaca é uma espécie de falha do coração em que os sintomas podem imitar alguns dos presentes na asma regular. Algumas anomalias nas cordas vocais podem provocar um chiado no peito que é muitas vezes confundido com a asma.

 

FACTORES DE RISCO

Fique a conhecer os vários factores de risco da asma:
Histórico familiar: A asma é uma doença que pode ter características genéticas. Pessoas com casos de alergias na família tem uma predisposição genética para desenvolver quadros alérgicos no geral, e o relacionado ao pulmão é a asma.

Histórico de alergias: A asma é uma doença caracterizada pela presença de uma reação exagerada das vias aéreas, ou seja, por um mecanismo de defesa aumentado. Esse é o pano de fundo em outras alergias, desde respiratórias até cutâneas. Dessa forma, uma pessoa que tenha algum tipo de alergia tem uma maior predisposição a ter outros tipos, dentre eles a asma, uma vez que seu corpo tende a reagir de forma excessiva aos estímulos externos.

Obesidade: As pessoas com obesidade tem maior risco de asma. Isto ocorre porque a obesidade desencadeia uma série de processos inflamatórios, e a asma nada mais é do que um processo inflamatório nos nossos brônquios. A obesidade é uma “facilitadora” desse processo.

Baixo peso ao nascer e hábitos da gravidez: Os bebés nascidos de mães tabagistas tem menor peso, devido aos infartos que o cigarro causa na placenta, dificultando a nutrição do bebé durante a vida intrauterina. Apesar de alguma controvérsia, existe uma relação entre baixo peso ao nascer e asma até os cinco anos de idade. Isso acontece porque o pulmão só se forma plenamente no fim de gestação. Por isso o bebé prematuro tem mais risco de ter quadros inflamatórios no pulmão. É importante ressaltar que só podemos dizer que uma criança é asmática após os dois anos de vida.

Refluxo gastroesofágico: A doença do refluxo gastroesofágico é uma condição na qual o conteúdo do estômago vaza em direção contrária para o esófago. Essa ação pode irritar o esófago, causando azia e outros sintomas. Se for aspirado, o conteúdo do refluxo gastroesofágico pode ir parar dentro dos pulmões. Isso pode desencadear uma inflamação e favorecer quadros como pneumonia, bronquites e asma.

 

SINTOMAS

A maioria das pessoas com asma fica longos períodos sem sintomas, intervalados com as crises quando expostos a algum agente. No entanto, algumas pessoas têm a deficiência respiratória quase que cronicamente, com alguns episódios mais graves em determinados períodos. Os ataques de asma podem durar minutos a dias e podem se tornar perigosos se o fluxo de ar estiver muito restrito. Os sintomas incluem:

  • Tosse com ou sem produção de escarro (muco)
  • Repuxar a pele entre as costelas durante a respiração (retrações intercostais)
  • Deficiência respiratória que piora com exercício ou atividade.

Respiração ofegante que:

  • Vem em episódios com períodos intercalados sem sintomas
  • Pode ser pior à noite ou no início da manhã
  • Pode desaparecer por si mesma
  • Melhora quando se usa medicamentos que abrem as vias respiratórias
  • Piora quando se inspira ar frio
  • Piora com exercício
  • Piora com azia

Situações de emergência:

  • Lábios e rosto de cor azulada
  • Nível diminuído de agilidade, como sonolência grave ou confusão, durante um ataque de asma
  • Extrema dificuldade de respirar
  • Pulsação rápida
  • Ansiedade grave devido à deficiência respiratória

Outros sintomas que podem ocorrer com essa doença:

  • Padrão de respiração anormal
  • Respiração para temporariamente
  • Dor no peito
  • Aperto no tórax.

 

DIAGNÓSTICO

O principal para o diagnóstico de asma é a história do paciente e os exames subsidiários. Pacientes que têm crises esporádicas com melhora depois de um tempo são suspeitos para asma, principalmente se tiverem outro tipo de alergia. O médico também poderá pedir alguns exames para avaliar o funcionamento dos seus pulmões.

 

TRATAMENTO

Prevenção e controlo são a chave para impedir que os ataques de asma comecem. As medicações de uso contínuo servem para minimizar a sensibilidade e a inflamação as quais os brônquios da pessoa asmática estão sujeitos, fazendo com que os pulmões reajam com menos intensidade aos agentes irritantes, como poeira e ácaros. Diferente dos broncodilatadores, que apenas revertem o quadro de contração do brônquio, os medicamentos contínuos funcionam para evitar que essas reações aconteçam.

 

PREVENÇÃO

A asma em si não pode ser prevenida, uma vez que é decorrente de uma inflamação dos brônquios sem causa aparente. Entretanto, é possível controlar as crises e ter uma qualidade de vida melhor, tais como:

Teste para alergias: Os testes para alergias respiratórias são feitos para detectar qual é o agente causador da asma. Com o teste, é possível evitar a exposição ao agente, prevenindo crises. Além disso, é comum que a asma esteja associada a outras doenças alérgicas, como a rinite alérgica e o eczema. Controlando os causadores dessas alergias é possível evitar crises asmáticas.

Não trate apenas a crise: É muito importante lembrar que a asma é uma doença crônica cujo tratamento, nos casos de asma persistente, deve ser contínuo, mesmo que não existam sintomas. Esse tratamento consiste no uso de corticoide inalatório diariamente, em doses que deverão ser determinadas pelo médico. O uso irregular dos medicamentos que controlam a asma é uma das causas mais comuns de crises. O paciente não deve ter receio de usar a medicação diária da asma.

Garanta as doses de vitamina D: A carência da vitamina D está a ser relacionada a uma série de doenças do aparelho imunológico e a asma é uma delas. O papel da vitamina D na importância do tratamento da asma é recente. Estudos apontam que a deficiência do nutriente pode aumentar os riscos de doenças pulmonares mais graves em crianças. De qualquer forma, vale a pena ressaltar que a principal fonte de vitamina D é a exposição solar, que dever ser feita por cerca de 15 minutos, três vezes por semana.

Aposte na higiene: É importante que a roupa de cama seja lavada semanalmente e secada ao sol. Também é recomendado o uso de fronha e capas de colchão anti-ácaros, que diminuem a possibilidade de crises. Podem ser usados até produtos de limpeza que matam os ácaros, mas nunca na presença do asmático. A carpete deve ser substituído por outros tipos de piso, tapetes devem ser retirados do quarto e humidificadores devem ser banidos, já que a humidade favorece o aparecimento de alguns alérgenos.

Evite cheiros fortes: Velas, sprays aromatizadores e essências. Esses produtos podem até deixar sua casa perfumada, mas são um perigo para quem tem asma. Cheiros fortes e fumaça irritam as vias aéreas e podem desencadear crises de asma. Se você é ou tem algum familiar asmático, elimine todos esses produtos ou, pelo menos, opte por versões que não possuem aroma.

Exercício: Existem algumas evidências de pessoas asmáticas com obesidade que conseguiram controlar melhor a asma ao perder peso. Uma teoria é a de que os pulmões de indivíduos com obesidade não se expandem como deveriam, o que predispõe o estreitamento dos brônquios. A inflamação do tecido adiposo causada pela obesidade também pode afetar a musculatura das vias aéreas, aumentando a resposta inflamatória e estreitando os canais da via aérea, o que levará a uma crise asmática. Outro ponto é que os hormónios libertados pela gordura, como a leptina e a adiponectina, podem agir na árvore brônquica causando os mesmos efeitos.

Uma pessoa com asma pode e deve praticar desportos, mas, para isso, a doença precisa estar controlada com o tratamento. Isso porque a desidratação das vias aéreas, em função da sudorese e do aumento constante do fluxo de ar, podem desencadear uma crise se a doença não estiver controlada.

Animais de estimação: Se o contato com animais não te faz bem, seria aconselhável, no mínimo, não tê-los na sua própria casa. Mas, se isso está fora de cogitação, pelo menos não deixe que ele entre ou durma no seu quarto. Outra medida importante é dar banho ao animal pelo menos uma vez a cada duas semanas. O local em que o animal permanece a maior parte do tempo deve ser limpo toda semana.

Apague o cigarro: O cigarro é prejudicial para todas as pessoas, mas para o alérgico ele pode ser ainda mais destrutivo. O fumo favorece a evolução de alergias respiratórias e asma. A peculiaridade do inverno em relação ao seu uso é o fato de a estação tornar ainda mais evidente essa piora, uma vez que a estação costuma ser caracterizada pelo ar seco e pela poluição concentrada. Alérgicos fumantes têm grandes chances de se tornarem futuros portadores da asma, e a permanência do hábito fará com que as crises fiquem cada vez mais fortes e mais difíceis de serem tratadas.

2017-07-16T21:10:35+00:00Julho 16, 2017|Doenças, Info, Outras Doenças|