As Crianças Devem Brincar!

Muitas vezes esquecemo-nos que as crianças continuam a ser crianças, e é imperativo que continuem a ter, todos os dias, tempo livre destinado à brincadeira. Porém, brincar não é somente ver televisão, jogar computador ou descobrir novas funcionalidades do telemóvel. Brincar é ter a oportunidade de criar, explorar, inventar e, acima de tudo, é uma oportunidade única do desenvolvimento.

 

OS BENEFÍCIOS DE “BRINCAR”

Promove o desenvolvimento integral: As diferentes brincadeiras, sejam elas mais ou menos orientadas, de carácter mais físico (como correr, saltar) ou que exigem motricidade mais fina (cortar, desenhar, pintar, construir), estimulam diferentes áreas do desenvolvimento: do cognitivo ao emocional, sem esquecer o psicomotor ou a linguagem, todos saem beneficiados e estimulam a criança a progredir na direcção certa.

Permite o Auto-conhecimento: Brincar permite à criança não apenas conhecer o seu corpo e a forma como o pode utilizar para tirar partido nas brincadeiras (e noutras actividades), como também lhe permite conhecer gostos, afinidades e preferências.

Este cultivo do auto-conhecimento vai gerar, posteriormente, níveis de auto-confiança e de auto-estima mais adaptativos. Permite-lhe, ainda, reconhecer os seus pontos fortes e fracos, as suas potencialidades e os seus limites.

Estimula as competências: Brincar ajuda a trabalhar aspectos fundamentais e transversais para toda a vida, como é o caso da comunicação (verbal e não verbal), a gestão de conflitos e a capacidade de os resolver, com recurso à negociação. Permite também desenvolver o trabalho em equipa (quando as brincadeiras incluem outras crianças) e a cooperação, bem como o auto-controlo e a capacidade de abdicar das próprias ideias e preferências em prol da decisão colectiva.

Gera resiliência: Nas brincadeiras, nem sempre se ganham as competições, nem seguem as nossas ideias, nem tudo funciona bem e, como seria de esperar, as crianças sentem-se frustradas com isso. A forma como a criança procura ultrapassar essa frustração e desilusões, de forma positiva, chama-se resiliência. Se pensarmos, é uma competência fundamental em todas as áreas da nossa vida, e que nos permite continuar a procurar alcançar objectivos apesar das adversidades.

Melhora a atenção e concentração: Numa época onde nunca se falou tanto de hiperactividade e/ou défice de atenção e onde o recurso à medicação atinge níveis elevados, brincar é também uma forma de a criança extravasar a sua energia, podendo depois concentrar-se nas tarefas que exigem concentração.

Também as próprias brincadeiras podem ser estratégias para levar as crianças a estarem mais concentradas: afinal, estão a prestar atenção e a manter essa mesma atenção numa tarefa que lhes dá prazer, que é do seu agrado e, sobretudo, que não entendem como esforço ou obrigação.

Melhora a expressividade: Brincar é uma forma de comunicação. Muitas vezes, as crianças projectam nas suas brincadeiras os seus medos, as suas dúvidas, as suas ansiedades. Esta projecção permite-lhes não apenas uma visão “de fora” para os seus problemas, que poderão dar-lhes uma ajuda para a respectiva resolução, mas também dar sinais aos pais de onde e como poderão ajudar as crianças a obter um desenvolvimento pleno. Sem brincadeiras, muitos pais nunca teriam acesso a este tipo de expressão emocional.

Incita à criatividade: Os brinquedos, apesar de terem uma determinado propósito de uso, com diferentes funcionalidades e objectivos, podem e devem servir para outros fins que não àqueles que se destinam inicialmente. Por exemplo, uma caixa de legos não tem de servir exclusivamente para criar o boneco que vem na caixa: pode dar lugar a outro tipo de construções.

Os materiais que temos em casa, recicláveis, também podem ser usados pelas crianças para criar brinquedos e/ou brincadeiras. Esta criatividade, este “pensar fora da caixa” que tantas vezes é pedido aos adultos, pode começar a ser trabalhado em criança com estes pormenores.

Implica regras e limites: Brincar implica regras, quer sejam de segurança, quer sejam impostas pelos pais, pelo espaço onde estão a brincar ou pela convivência social. Sendo a disciplina fundamental para o desenvolvimento da criança, brincar também é uma forma de educar para o cumprimento de regras, estabelecimento de limites e determinação de consequências em caso de incumprimento dos mesmos.

Desenvolve laços afectivos: Partilhar brincadeiras permite às crianças ter e fazer amigos, até mesmo para aquelas crianças mais tímidas ou com mais dificuldades de relacionamento interpessoal. É nestas primeiras relações de amizade que se treinam as competências que, mais tarde, sustentarão as amizades de adolescente e adulto, já com outras exigências emocionais.

Estas relações permitem ainda à criança estabelecer uma relação com outras pessoas (crianças ou adultos), alargando o seu leque de conhecimentos que, habitualmente, se cingem à escola e às actividades que frequentam.

Conduz à felicidade: Quem não é feliz a fazer algo que gosta? Se as crianças souberem que, todos os dias, terão um bocadinho do seu dia para fazerem uma actividade da qual retirem prazer, provavelmente motivar-se-ão a concluir as tarefas obrigatórias pendentes – a motivação interna a desenvolver-se com algo tão simples como brincar.

 

 

DEVEM OS ADULTOS JUNTAREM-SE À BRINCADEIRA?

O adulto pode e deve participar na brincadeira, uma vez que o seu envolvimento não só estreita os laços afetivos com a criança como também aumenta o seu nível de interesse e motivação. Na interação, o adulto tem oportunidade de conter e ajudar a criança na elaboração das inquietações que surgirem durante a brincadeira, bem como enriquecer e estimular a imaginação da criança, despertando-lhe ideias e questionando-a para a descoberta de soluções.

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CONSIDERAÇÕES FÍNAIS

Quando não poder sair, não lhe apetecer brincar com nada: estar entediado é positivo. Obriga-a a reinventar, a pensar, a lidar consigo própria e com a sua frustração. Não se preocupe em dar-lhe alternativas: a criança acabará por procurá-las. Permita à criança brincar livremente. Afinal, é ela quem tem de se divertir!

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2018-01-29T21:13:48+00:00Fevereiro 7, 2018|Infantil|